pessoas aos pedaços, a pamonha, o cipó

todo santo dia, fim de tarde, passa na minha quadra um moço vendendo pamonha. sábado ele se atrasou. de uma das janelas, uma menininha começou a gritar do nada: olha a pamonha, olha a pamonha – na mesma entonação do moço. saiu um sorriso do fundo do meu peito praquela vozinha fina. procurei a dona […]

15
jul

o espaço entre os corpos

você chega e tem pessoas. algumas pessoas – uma turma de um curso. ou às vezes milhares – um carnaval. você não conhece ninguém, mas é como se um campo gravitacional pairasse sobre. como se alguma coisa (a música?, o cheiro?) preenchesse o espaço entre os corpos. se você faz contato visual com alguém ou […]

Saudade de ir

Muito do que eu fazia ainda faço quarentenada. Como boa privilegiada, perdi pouco. Meu trabalho chega, a aula de ioga chega, o ensinamento chega, chegam mais aulas novas, meus amigos chegam pelo celular. Mas eu não tenho ido. Me peguei pensando em ir. Não faz falta o trânsito, o atraso, o estacionamento, o carro. Mas […]

27
maio

Grão de mundo novo

Olhar pra longe me dá vertigem. Há anos que me vem isso: quanto mais eu procuro esperança no horizonte mais eu me desespero. O dia em Brasília está lindo mas a temperatura está sufocante, o ar irrespirável. Vinha tentando me acalmar olhando pra perto, mas eu não via nada. Ou até via: cacos de esperança […]

Ajuste de foco

Eu sei, tá pesado. Mas se te consola, toda vez que me angustio sobre o que será que vai acontecer com o Brasil, toda vez que começo a me afogar nas notícias sobre política, eu dou um passo atrás e me lembro de que as respostas que a humanidade precisa dar nesse momento passam pouco […]

13
ago

Carta aberta ao Zeca Veloso

Prezado Zeca, Sua música “Todo Homem”, aparentemente, foi feita pra mim. Recebi essa canção algumas vezes, de diferentes pessoas, e sempre como um recado. Pra mim. Há algo que eu preciso saber ali dentro, ou algo que eu já saiba, e por isso se lembram de mim. Algo sobre o masculino. Acho sua música muito […]

Das vidas não vividas

Desde que ganhei uma tornozeleira de presente, não me sai da cabeça a primeira imagem de felicidade que compus sem querer do que seria a maternidade. Quando estava grávida rolava pela casa um encarte da coleção de verão de uma loja de roupas onde um casal jovem, lindo e sorridente desfilava roupas fresquinhas numa praia […]

13
set
De pé, na chuva
3
jun
Em fragmentos